Spurs Brasil entrevista Jaron Blossomgame

Selecionado pelo San Antonio Spurs na 59ª escolha do Draft de 2017, o ala Jaron Blossomgame se vê pronto para jogar na NBA um ano depois. Em entrevista exclusiva concedida por e-mail ao Spurs Brasil, o jogador, que se sagrou campeão da G-League pelo Austin Spurs na última temporada, afirmou que acredita que sua versatilidade dos dois lados da quadra é seu trunfo e se encaixa bem com as exigências atuais da liga profissional americana de basquete.

Jaron Blossomgame em ação pelo Austin Spurs (Reprodução/news4sanantonio.com)

Ala de 24 anos de idade e 2,01m de altura, Blossogame chegou ao Draft de 2017 depois de defender as cores da Universidade de Clemson por quatro anos. No último, apresentou médias de 17,7 pontos e 6,3 rebotes em 34,3 minutos por exibição, convertendo 49,9% de seus arremessos de quadra, 25,5% de suas bolas de três pontos e 71,4% de seus lances livres.

O jogador começou sua trajetória pelo Spurs nas Ligas de Verão de 2017. Disputou oito jogos, com médias de 5,1 pontos e 5,4 rebotes em 23,4 minutos por exibição, convertendo 43,6% de seus arremessos de quadra, 33,3% de suas bolas de três e 50% de seus lances livres.

Desde então, o Spurs ainda não assinou com Blossomgame, e com isso mantém seus direitos. O caminho para o jogador foi o Austin Spurs, franquia da G-League filiada à de San Antonio. E em sua primeira temporada profissional, o ala já se tornou campeão da liga, com médias de 16,5 pontos e 8,2 rebotes em 29,6 minutos por exibição, convertendo 54,5% de seus arremessos de quadra, 30,1% de suas bolas de três pontos e 78,5% de seus lances livres.

Os números sustentam a evolução a que Blossomgame se refere quando descreve sua transição do basquete colegial para a G-League. O ala ainda revela que sabia do interesse do Spurs desde 2016 e conta como foi conviver com Tony Parker, Derrick White e Brandon Paul.

Blossomgame não respondeu quando questionado se existem conversas para que ele reforce o Spurs na próxima temporada, mas confirmou que vai jogar as Summer Leagues e que continuar melhorando seu arremesso é sua meta para a offseason. Veja, a seguir, a entrevista na íntegra:

Spurs Brasil: Quando o Spurs mostrou que estava interessado em seus serviços? Você sabia do interesse que a franquia de San Antonio tinha em você antes de ser draftado?

Jaron Blossomgame: Em 2016, eu entrei no draft na minha temporada como junior e acabei decidindo voltar para a faculdade. Mas durante o processo pré-draft, eu fiz entrevista e treino com o Spurs. Na minha temporada como senior, eu me encontrei com o Spurs no Draft Combine e treinei com eles de novo, então eu sabia que havia interesse deles na noite do draft.

SB: O que você sentiu quando ouviu seu nome sendo chamado? Ficou feliz por ter sido selecionado por uma franquia famosa por seu bom histórico no draft?

JB: Eu fiquei realmente feliz quando ouvi meu nome ser chamado e tive a chance de andar pelo palco. Eu sempre imaginei aquilo acontecendo quando eu era criança, então finalmente poder ter essa experiência foi incrível. Fiquei feliz por ter sido draftado por um time como o Spurs por causa do histórico da franquia desenvolvendo jovens talentos. Eu sabia que estaria em boas mãos e que as coisas seriam feitas do jeito certo.

SB: O Spurs tem sido uma franquia focada na defesa na era Gregg Popovich. Você sente que sua defesa era sua maior qualidade para o draft do ano passado?

JB: Eu sinto que na noite do draft minha maior qualidade era minha versatilidade ofensivamente e defensivamente. Como a NBA foi para a direção do small-ball, acho que isso se ajusta ao meu jogo perfeitamente. Sou capaz de defender várias posições e de aproveitar mismatches no ataque. Claro que isso foi há um ano e eu melhorei em muitas áreas do meu jogo desde então, mas acho que essa qualidade específica realmente me favoreceu.

SB: Como foi a transição da universidade para a G-League? O jogo é muito diferente?

JB: A transição foi realmente diferente. Tive muito sucesso na G-League se você olhar para a temporada como um todo, mas vejo mais que eu tive muito crescimento e desenvolvimento. Eu era um jogador diferente no fim da temporada. Vi muitos vídeos com nossa comissão técnica e tentei atacar todos os dias com minha mentalidade de ser cada vez melhor. Acho que o basquete universitário é mais difícil na minha opinião por causa do espaçamento e da maneira com que você pode defender na universidade. É mais fácil conter os melhores jogadores. Na G-League, tem muito espaço na quadra, é difícil focar apenas em um jogador e existem melhores jogadores em todos os aspectos na G-League.

SB: Em seu primeiro ano como atleta profissional, você já é um campeão. Como foi a experiência de jogar os playoffs da G-League e de terminar com o título?

JB: Essa primeira temporada em Austin foi inacreditável. Eu não trocaria essa experiência por nada. Além da parte do basquete, eu realmente me diverti desenvolvendo amizades com treinadores e companheiros de equipe. Tivemos muita gente boa ao redor do nosso grupo, e isso tornou as coisas muito mais fáceis para nós. Tudo na quadra era divertido. Tivemos um time cheio de jogadores capazes de tomar controle de um jogo ofensivamente, mas todo mundo deixava seus egos na porta, e nós realmente nos sacrificamos muito pelo bem maior do time. Isso é muito raro na G-League. A química do nosso time era a nossa maior força na minha opinião.

SB: Quando o Spurs te draftou, em que áreas do jogo pediram para você trabalhar? Você acha que seu ano em Austin te ajudou a ir na direção correta?

JB: Acho que a última temporada em Austin me ajudou tremendamente. Se você assistir aos meus jogos no começo da temporada e depois assistir aos meus jogos no fim da temporada, vou parecer um jogador diferente. No geral, minha compreensão do jogo realmente melhorou. Dei arremessos melhores, fiz as jogadas certas para meus companheiros de equipe e marquei no perímetro.

SB: Tony Parker teve uma passagem curta pelo Austin Toros na última temporada. Como foi essa experiência para você? Teve a chance de falar com ele sobre basquete?

JB: Foi uma experiência legal ter ele perto do nosso time. Ele é um grande cara e realmente toma conta dos mais jovens.

SB: Você jogou com jogadores do Spurs em Austin, como Derrick White e Brandon Paul. O que você pode dizer sobre eles? Acha que eles estão prontos para jogar em alto nível?

JB: Derrick e Brandon são caras de grande caráter. Joguei muito com Derrick na Summer League e na G-League na última temporada, e ele realmente evoluiu durante o ano. Acho que ele tem um futuro realmente brilhante na NBA. Brandon jogou duas partidas com a gente na G-League, e duas coisas que realmente se destacaram sobre ele foram sua habilidade defensiva e seu arremesso. Ele é um jogador realmente fascinante para mim por causa de suas capacidades defensivas. Eu acho que eles estão prontos para causar um impacto em alto nível.

SB: O Spurs praticou bastante small-ball na última temporada, com jogadores como Rudy Gay, Davis Bertans e Kyle Anderson jogando na posição 4. Você se vê pronto para este papel em jogos de nível de NBA ou se vê mais como um jogador de perímetro?

JB: Sim, eu acredito que estou pronto para uma função desse tipo na NBA. Como disse antes, minha versatilidade é minha maior qualidade, então posso estar na quadra em qualquer posição entre ala-armador e pivô e defender qualquer uma dessas posições. Assitindo times como o Houston Rockets e o Golden State Warriors nos playoffs da NBA, vi caras como Draymond Green e PJ Tucker jogando como pivôs. Com minha versatilidade, acho que posso ser um jogador que joga em múltiplas posições como esses caras.

SB: Depois de converter 25,5% dos seus arremessos de três na última temporada pela universidade de Clemson, você converteu 30,1% em Austin. Você acha que evoluir nos arremessos pode ser decisivo para sua carreira? Como você trabalha para melhorar seu arremesso e como conseguiu subir 5% em uma temporada?

JB: Sim. Meu arremesso é algo em que eu estou realmente trabalhando duro neste verão, e acho que isso vai abrir muito mais o meu jogo. Eu fiz muito treino de arremesso e trabalhei na minha mecânica, e eu realmente me sinto bem com minha evolução. O salto de 25% para 30% para mim foi bom considerando que foi minha primeira temporada arremessando da distância da NBA. Acho que o próximo passo para mim é me tornar mais consistente de longa distância.

Sobre Lucas Pastore

Um dos fundadores do Spurs Brasil. Formado em Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2010, é site manager da Fifa e podcaster do Cultura Pop. Cobriu o basquete olímpico na Olimpíada de 2016 pelo LANCE!. Trabalhou também para UOL, Basketeria e mob36.

Publicado em 11/06/2018, em Entrevistas. Adicione o link aos favoritos. 2 Comentários.

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